Com ou sem paralisação, os usuários que procuram os serviços de saúde em Natal relatam que já enfrentam, no mínimo, demora para serem atendidos, tanto na rede estadual como na municipal de saúde pública. "Eles têm direito de reivindicar, mas sempre sobra para o povo", resume o jardineiro Armando da Silva, que procurou, hoje pela manhã, o pronto-socorro do Hospital Giselda Trigueiro, no bairro das Quintas.
De qualquer forma, o movimento grevista termina ampliando os transtornos para os pacientes, porque os recursos humanos nas unidades ficam reduzidos. "Desde ontem, rodo a cidade procurando atendimento para meu pé infeccionado e não consigo. É muita gente para ser atendida e a espera dura horas. A greve só faz nos prejudicar. Acredito que a melhor solução seja o acordo", opina o torneiro mecânico Vandemilson Fernandes.
Procurar as unidades municipais, como foi o recomendado ontem pelo presidente do Sindicato dos Médicos do Rio Grande do Norte (Sinmed-RN), Geraldo Ferreira, não vem surtindo bons resultados. É o que conta a operadora de telemarketing Francisca Pereira. "Os postos de saúde são piores do que os hospitais e, assim, não temos para onde ir. Para se conseguir uma ficha é preciso chegar muito antes e as unidades estão sempre lotadas".
Os servidores da saúde começaram o dia com uma passeata nas imediações do Centro de Saúde Reprodutiva. Depois, foram para o Hospital Giselda Trigueiro e seguiram para o Laboratório Central Almino Fernandes, também localizado nas Quintas. Os manifestantes afirmavam que o desperdício de materiais é uma constante no laboratório e que faltam itens básicos de insumos nos hospitais da cidade. De acordo com o servidor Paulo Martins, caixas lacradas de materiais de análises clínicas são perdidas na unidade.
Com relação aos transtornos que a paralisação causa para a população, ele diz que os usuários precisam compreender a luta do sindicato, porque não se trata apenas das reivindicações trabalhistas da categoria, mas de melhores condições na assistência oferecida para todos os cidadãos. "Até a alimentação nos hospitais é precária, porque os fornecedores estão sem receber", destaca.
Os representantes sindicais dos servidores e dos médicos da rede estadual de saúde se reuniram, na manhã de ontem, com o secretário estadual de saúde, George Antunes, para negociar as pautas de reivindicação das categorias, mas a indefinição permaneceu.
O secretário apenas sinalizou a solução de dois pontos da pauta: a mudança de nível e o pagamento dos atrasados do Plano de Cargos, Carreiras e Salários, a partir de janeiro do ano que vem. Já o reajuste salarial, que é um pedido de ambos os sindicatos, precisa ser submetido à avaliação do Gabinete Civil e da governadora Wilma de Faria. Geraldo Ferreira afirmou que vai procurar a intervenção do Ministério Público para corrigir os problemas da rede estadual de saúde no RN.
Hoje o maior hospital do estado foi fechado por uma hora. Sem avanço nas negociações os profissionais planejam entra na justiça contra o Governo do Estado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário