PRUDENTE DIZ QUE PRESIDIRÁ CÂMARA DO DF EM AUTOCONVOCAÇÃO PARA APURAR ESCÂNDALO DA PROPINA

8 de Janeiro de 2010 - 20h55 - Última modificação em 8 de Janeiro de 2010 - 20h59
O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, deputado Leonardo Prudente (sem partido) recusou o pedido feito por seus colegas da Mesa Diretora para se afastar do cargo enquanto a Casa investiga o esquema de pagamento de propina no governo do Distrito Federal. O parlamentar disse que vai reassumir a presidência da Câmara na próxima segunda-feira (11)
Prudente se licenciou do cargo depois que a Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, o acusou de ser um dos beneficiários do esquema. Prudente foi gravado pelo ex-secretário de Relações Institucionais do governo do DF, Durval Barbosa, quando escondia em suas roupas parte do dinheiro que, segundo Durval, era cobrado das empresas escolhidas para prestar serviços ao governo local.
O pedido foi feito pelos distritais Wilson Lima (PR-DF), Mílton Barbosa (PSDB-DF) e Cabo Patrício (PT-DF), membros da mesa diretora da Câmara, em uma reunião informal na tarde de hoje (8). A reunião ocorreu na casa do deputado Wilson Lima, no Gama, região administrativa do DF.
De acordo com o deputado Cabo Patrício, Leonardo Prudente negou o pedido alegando que seu afastamento implicaria em um pré-julgamento e que tem um parecer da procuradoria da Casa favorável à sua volta.
Na segunda-feira, os parlamentares suspendem o recesso de começo de ano para instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito e dar continuidade aos trabalhos da Comissão de Constituição e Justiça e da Comissão Especial que apuram o esquema revelado no final do ano passado pela Polícia Federal.
Para o deputado Cabo Patrício, a base do governo atua para abafar o escândalo e a possibilidade de afastamento do governador José Roberto Arruda (sem partido). “O governador rearticulou sua base. Oficialmente os partidos saíram do governo, mas os deputados dão sustentação”, assinalou o parlamentar.
Segundo Patrício, Arruda conseguiu mobilizar a base porque conta com um orçamento de R$ 15 bilhões e tem o poder de nomear indicações dos parlamentares para cargos comissionados. “Isso pesa muito”, lamentou. Na avaliação do distrital, a Câmara “ficou manchada” e “essa legislatura já está acabada”, disse. “É importante que a população se manifeste, não dá para o cidadão ficar indignado com essa situação e ficar em casa”, completou.
Antes da reunião informal da Mesa Diretora na casa do deputado Wilson Lima, no Gama, Patrício participou de reunião da bancada do PT, na qual o partido decidiu apresentar um novo requerimento pedindo o afastamento de Prudente e uma representação solicitando acompanhamento do Ministério Público.