A OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Pernambuco solicitou nesta segunda-feira ao Ministério Público Federal do Rio Grande do Sul que investigue suposto crime de racismo cometido por uma estudante que, no Twitter, atacou os nordestinos, pedindo o uso de câmara de gás contra os nascidos na região.
As mensagens foram postadas na última sexta-feira (9) por uma pessoa que se identifica como Sophia Fernandes --a investigação pretende descobrir, inclusive, se esse perfil de usuário é verdadeiro ou apenas um pseudônimo. Entre os comentários copiados pela OAB-PE estão alguns como: "O twitter ta virando vaso sanitário... muita merda twittando. (Oimacacos)-nordestinos-piauienses-cearenses..// Sai do Twitter e vai cortar tua cana pra comprar teu arroz NORDESTINO// Tem que usar câmara de gás pra matar teu povo// O Nordestino é a própria sujeira."
Segundo o presidente da OAB-PE, Henrique Mariano, a Polícia Federal também será acionada para investigar o caso. "Não podemos ficar omissos diante de tanta agressão", disse ele. "Os internautas precisam ter responsabilidade, não podem achar que as redes sociais estão à margem da lei, que são terra de ninguém", declarou.
De acordo com Mariano, o crime de racismo não envolve apenas ataques provocados pela cor da pele ou etnia. "Denegrir ou segregar um povo ou um grupo também é considerado racismo pela lei", afirmou.
No ano passado, após a eleição da presidente Dilma Rousseff, a OAB-PE pediu ao Ministério Público Federal de São Paulo que investigasse declarações contra os nordestinos, postadas no Twitter pela estudante de direito Mayara Petruso.
"Nordestino não é gente, faça um favor a Sp, mate um nordestino afogado", escreveu ela no microblog, criticando o fato de a maioria dos eleitores da região terem votado na petista.
Após as reações, Petruso se desculpou, mas o Ministério Público a denunciou por crime de racismo e, segundo a OAB-PE, a Justiça aceitou a denúncia. A ação, de acordo o presidente da entidade, está em fase de instrução.
A OAB-PE também atuou em outros casos parecidos, como o dos internautas que atacaram nordestinos após um jogo entre Flamengo e Ceará e no episódio do vazamento de parte da prova do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), ocorrido em Fortaleza.
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