27 novembro 2009

PRESIDENTE DA SOCIEDADE DE INFECTOLOGIA ÊNIO LACERDA, DIZ QUE QUEDA DE 94% NA DENGUE NÃO RESULTA DE AÇÃO PÚBLICA

De acordo com o último levantamento dos casos de dengue coletados pela Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap), em 2009 foram notificados 3.532 casos de dengue no Rio Grande do Norte. O número revela uma redução em mais de 40 mil infecções, ou seja 94%, já que no ano passado, o número de contaminados ultrapassou a marca dos 43 mil até o mesmo período.No entanto, a queda significativa de registros não é explicada pela ação estadual ou municipal no combate ao mosquito e, sim, pelo ciclo do vírus circulante. A afirmação é do presidente da Sociedade de Infectologia, Hênio Lacerda, que falou que a quantidade de infectados varia de acordo com o tipo viral anterior.“Quando temos muitos casos de doentes, como foi no ano passado, significa que há um novo vírus circulando e que aquelas pessoas, que estavam imunes anteriormente, passam a ser vulneráveis. Um exemplo disso são os picos de ocorrências de 1997 até 2009”, relata o médico.Lacerda lembrou que no ano de 1997, quando circulava o tipo um, em 2000 (tipo dois) e em 2005 e 2008, sorotipo três, foram registradas as maiores incidências de casos no Rio Grande do Norte. “Isso acontece quando um novo tipo de vírus entra em um país, como está acontecendo com a gripe A. Como ninguém tem resistência a ela, acaba facilmente adquirindo a doença”, definiu.É o que vem acontecendo em Mossoró. A cidade foi citada pelo Ministério da Saúde como uma das que possivelmente podem apresentar um surto ainda em 2009. No entanto, Hênio Lacerda explicou que o vírus circulante na cidade é o mesmo registrado anteriormente, o que explica o baixo número de infectados.O infectologista pôs em suspeita como a queda do número de registros por infecção do Aedes Aegypt é atribuída à eficácia do tratamento das secretarias municipais de saúde do RN e do Secretaria Estadual. “Acredito que a baixa nos registro não tem a ver com o trabalho desenvolvido pelas Secretarias. Se fosse assim, por que em 2008 houve um surto, se a secretária de saúde de Natal era a mesma, os agentes comunitários praticamente os mesmos e o modelo de combate era semelhante?”, indagou.Lacerda continuou alertando que em 2010 há a possibilidade de um aumento nos casos da doença em Natal, explicado pela quadra chuvosa que é iniciada em março e se prolonga até junho. Ele chamou atenção ainda para a possibilidade da entrada do tipo quatro da dengue no RN e do aumento de dengue hemorrágica.“Acredito que o trabalho desenvolvido pela Prefeitura e pelo Estado contribui, mas de forma não muito significante. Trabalho em comunidades carentes e continuo vendo copos descartáveis e pneus, que podem acumular água, jogados. Continua tudo do mesmo jeito. O combate à dengue deve funcionar como uma máquina. Tudo deve trabalhar ao mesmo tempo. O saneamento deve ser feito, a coleta de lixo, o trabalho dos agentes e a conscientização da população”, destacou.

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