O arcebispo da Bahia e cardeal primaz do Brasil, Dom Geraldo Majella Agnelo, celebrou neste domingo, no estádio Manoel Barradas, “o Barradão” (Salvador/BA), a cerimônia de beatificação de irmã Lindalva Justo de Oliveira, feira potiguar da Ordem das Carmelitas assinada enquanto trabalhava em um abrigo para idosos e moradores de rua. Irmã Lindalva nasceu no município de Açu, no Rio Grande do Norte, em 1953, e coordenava o Abrigo Dom Pedro II, em Salvador, onde cuidava de 40 idosos do pavilhão masculino. Ela foi assassinada na Sexta-feira Santa de 1993, com 44 facadas, por Augusto da Silva Peixoto, um dos abrigados. Peixoto tinha 46 anos, mas foi acolhido no abrigo de idosos. Ele assediava irmã Lindalva e a matou depois de ter recusadas as suas vontades sexuais. O corpo de irmã Lindalva está na capela do abrigo onde ocorreu o crime. A beatificação dela, anunciada durante a visita do Papa Bento XVI ao Brasil, em maio deste ano. Irmã Lindalva, que começou a trabalhar com a assistência aos idosos no abrigo Jovino Barreto, em Natal, será a primeira mulher a ser beatificada pela Igreja Católica no Brasil. Duas freiras do abrigo viajaram para Salvador, a fim de participarem da cerimônia de beatificação. De Açu, cidade onde a irmã Lindalva nasceu, dois ônibus com parentes e fiéis também foi a Salvador. A mãe da beata, Maria Lúcia da Fé, tem 85 anos, não esquece a filha. “Estou confiando em Deus. Toda noite eu rezo um terço pela alma da minha filha. Sempre que posso, meu filho me leva para a missa.” O professor Veridiano de Oliveira, de 48 anos, irmão de Lindalva, lembra do convívio com a religiosa em casa. Eles eram 13 irmãos. “Toda a família tinha certa dificuldade de se relacionar com ela, que sempre foi muito recatada, muito fechada. Essa era a forma que ela tinha de expressar o amor pela família.” Cerca de 30 mil pessoas, segundo cálculos dos organizadores, compareceram ao Estádio Manoel Barradas, em Salvador, no domingo, para a missa de beatificação. Antes da missa, um dos momentos de maior emoção foi o minuto de silêncio seguido de orações pela alma dos sete torcedores do Bahia mortos há uma semana, na tragédia da Fonte Nova, depois que um pedaço da arquibancada ruiu. O processo de beatificação da freira foi um dos mais rápidos: sete anos e dez meses. É bem provável que Lindalva e o padre José de Anchieta, beato desde 1980, tornem-se santos, pois cerca de 500 foram canonizados nas três décadas mais recentes.
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